CD Babelesko lançado em 2009

O ano de 2009 da Naurêa começa com o seu terceiro CD: Babelesko que tem a sua principal característica já antecipada na sua arte, a confusão.

No encarte, as nossas bandeirinhas de São João (eternizadas pelo pintor Volpi) coladas sobre sucessivas texturas de chita (o tecido das quadrilhas juninas) ganham um ar hi-tec, passeiam pelas colagens punks e aterrissam na Índia ou na riqueza dos tapetes persas. Os nomes das músicas aparecem grafados em japonês, alemão, inglês, francês, espanhol, em babelesko e romeno. E isso dá o tom do que virá sonoramente em Babelesko.

Ainda de olho no forró, o CD se contamina ainda mais pela música do mundo. Numa espécie de torre rítmica que se levanta através de batidas e sotaques, de instrumentos e linhas melódicas. O passeio começa por Angola ou Portugal – a canção Black People House visita o Kuduro num encontro entre as possibilidades do legado da contribuição negra para a música.

Subindo mais um degrau, chegamos a Sekai ua hitotsu no booru: um sambaião que evoca a força do samba de terreiro, das guitarras das lambadas “francesas” e da pegada dançante do Dancehall. A música ainda provoca na letra: “O mundo é uma bola.” O próximo andar é La créole e o destino foi a ilha de Cabo Verde (as mornas), o carnaval de Salvador e o forró de Luiz Gonzaga. Cumidistufahahernia (em babelesko) vai ao recôncavo baiano e ao povoado da Mussuca (Laranjeiras, Sergipe, Brasil), ao interior de São Paulo e às praças de fanfarras da Europa.